A experiência de Adam Smiley Poswolsky, que colabora com o marketwatch.com, quanto a como manter-se envolvido num mercado de trabalho incerto.
Se há coisa que aprendi ao escrever livros sobre carreiras direcionados à geração do milénio (millennials) foi que o atual mercado de trabalho é muito diferente do mercado de gerações anteriores.
Graças a uma força de trabalho cada vez mais global, independente e remota, aos rápidos avanços da tecnologia e a uma economia em constante evolução, a ideia de fazer carreira numa empresa está ultrapassada. Longe vão os dias em que alguém conseguia um emprego a seguir à faculdade e aí ficava 25 anos. Quase um quarto dos millennials mudou de emprego no último ano (um número três vezes superior ao dos não-millennials), e a média dos 25-34 anos deixa o emprego a cada três anos.
Mas não é só a geração do milénio que saltita de emprego em emprego. Em média, os maiores de 24 anos mantêm o mesmo posto pouco mais de cinco anos. No mercado de trabalho do futuro, todos nós, independentemente da idade, teremos de adaptar e reinventar as nossas carreiras constantemente. O Department of Labor dos EUA dá conta de que 65% das atuais crianças vão acabar a exercer funções que ainda não foram sequer inventadas. Eis algumas formas de todos os trabalhadores, não só os millennials, permanecerem dentro de um mercado de trabalho cada vez mais incerto.
1. Tenha um propósito
Ouvimos falar muitas vezes da busca de propósito por parte da geração do milénio, mas um relatório da IBM concluiu que os millennials têm prioridades semelhantes às de indivíduos mais velhos. A verdade é que qualquer colaborador quer causar um impacto positivo na organização em que trabalha – e pretende ajudar a resolver desafios sociais ou ambientais através da sua atividade. A sensação de propósito é motivação-chave para a dedicação de qualquer pessoa ao emprego. Segundo uma investigação do The Energy Project e da Harvard Business Review, os indivíduos ativos que veem um propósito nas suas ocupações apresentam maiores níveis de satisfação e dedicação ao trabalho. Assim, como é que se dá prioridade ao propósito no local de trabalho? Tem a possibilidade de se focar em projetos que o estimulem? Pode a atividade que exerce ter algum impacto positivo na sociedade? Consegue colaborar com mais parceiros, dentro e fora da organização, em iniciativas que melhorem a qualidade de vida dos seus colegas, clientes ou comunidade?
2. Considere o seu chefe um mentor
Um estudo recente da Gallup concluiu que o ritmo de rotação entre empregos por parte de indivíduos da geração do milénio custa à economia norte-americana 30,5 mil milhões de dólares anualmente – o que é uma quantia elevada. Apesar de ser verdade que alguns millennials deixam o emprego independentemente de terem bom ambiente de trabalho, empregados com chefes empáticos têm maior probabilidade (30%) de ficar dentro da organização. Isto significa que é do seu interesse criar uma boa relação com o seu chefe. O que é que é preciso para encarar o seu chefe como um mentor ou coach capaz de ajudar – que investe no seu desenvolvimento profissional para além das tarefas quotidianas? Uma forma de o fazer: passar mais tempo com o chefe fora do escritório. Isto ajuda a que o mesmo o conheça a si e à sua família – bem como a que tome conhecimento dos seus interesses e dos seus objetivos profissionais a longo prazo, o que por sua vez irá ajudar a que o seu chefe o valorize, o nomeie para eventuais promoções e até talvez o oriente para chegar àquela almejada posição quando for altura de abraçar uma nova oportunidade.
3. Acrescente valor antes de pedir favores
Conheço muitos jovens trabalhadores que gostam de se queixar de que não conseguiram aquela promoção ou aumento. A minha pergunta imediata é “Que valor é que efetivamente acrescentou à empresa?”. Quanto mais valor acrescentar, mais hipóteses tem de ser promovido. Por isso, da próxima vez que houver uma oportunidade de partilhar a liderança de um projeto ou iniciativa no trabalho, agarre-se a ela, mesmo que seja algo em que não tem muita experiência. Se a equipa tem um prazo importante a cumprir, certifique-se de que ultrapassa as expectativas do seu chefe. Se sabe que a empresa está com dificuldades numa determinada área, faça o trabalho de casa e a pesquisa extra necessária para sugerir uma nova abordagem. Ao acrescentar mais valor, mostra-se mais empenhado e começa a receber o reconhecimento que merece.
4. Encare o escritório como uma sala de aula
Segundo o Millennial Survey da Deloitte de 2016, uma das principais coisas que a geração do milénio procura no emprego é formação e desenvolvimento de competências de liderança. A formação não acaba com o curso, continua todos os dias ao longo da carreira. Um mercado de trabalho flexível e instável reconhece aqueles que continuam a inovar e a desafiar as próprias capacidades e competências. Então, de que forma é que pode tratar o escritório como uma sala de aula? Experimente coisas novas todos os dias, dê corpo a ideias e projetos e aceite deixar a sua zona de conforto e cometer erros. Tentar coisas novas garante que o segundo mês vai ser completamente diferente do primeiro, o que o ajudará a manter-se motivado e interessado. Saber aquilo de que não se gosta no trabalho é tão importante como saber o que se adora.
5. Tenha o seu próprio conselho de administração
A maior parte das organizações apresenta o seu conselho de administração no site – indivíduos com muita experiência e uma rede de contactos que fazem a organização parecer mais competente. Porque não criar um círculo de conselheiros que o oriente nas diferentes etapas da sua carreira – e o ajude a ponderar sobre uma promoção ou uma mudança de país ou a esclarecer quais os seus objetivos de carreira a longo prazo? Recomendo que encontre cinco mentores para o seu conselho – pelo menos dois com muitos anos de experiência na sua área de interesse e, se possível, alguém pelo menos dez anos mais velho e alguém mais novo. O LinkedIn ou o Twitter podem ser muito úteis na busca de mentores para o seu conselho de “administração”.
6. Faça uma pausa (ou duas) enquanto trabalha
Hoje em dia, para se ser bem-sucedido profissionalmente não basta trabalhar muito – é preciso fazê-lo de forma inteligente. Se não tomar conta de si próprio é impossível que o seu trabalho tenha impacto. É importante fazer intervalos durante o dia, seja para fazer exercício, dar uma volta, meditar, escrever ou simplesmente relaxar. Um estudo concluiu que os trabalhadores que fazem intervalos a cada 90 minutos são 30% mais focados, e que aqueles que conseguem dedicar-se a uma única tarefa de cada vez são 50% mais empenhados. Consegue fazer mais pausas no trabalho – e quando voltar à secretária pode tentar concentrar-se apenas numa tarefa de cada vez, em vez de ter quinze separadores abertos no browser? Se começar a trabalhar de forma inteligente estará no caminho certo para encontrar mais propósito no seu trabalho – e estará a fazer um enorme favor à empresa (e a si próprio).
Fonte: insider.pro