A literacia financeira deve ser introduzida desde cedo na vida das crianças, até porque tal como diz o ditado “de pequenino é que se torce o pepino”. A verdade é que quanto mais cedo começarem a ter contacto com alguns conceitos financeiros mais facilmente irão perceber a importância da poupança e da gestão do dinheiro. Estes ensinamentos não têm que ser complicados. Pode apenas, de um modo simples, incutir hábitos financeiros saudáveis.

Não se esqueça de que as crianças são o futuro. Eles serão a próxima geração que irá lidar com a economia, o emprego, os créditos e as dívidas. Só assim, por via da educação financeira, é que é possível atenuar o problema do endividamento excessivo da população portuguesa, ao mesmo tempo que ganham o gosto pelos investimentos.

1. Explique-lhes alguns conceitos financeiros

Não precisa falar-lhes de conceitos complicados, devendo adapta-los à idade da criança. O importante é que lhes ensine desde cedo o valor do dinheiro. É bom que as crianças tenham uma noção do que é caro e do que é barato, de que o dinheiro não cai do céu, nem nasce nas árvores, mas que é conquistado com trabalho, esforço e também com uma boa gestão financeira.

Recorra a exemplos práticos ou até mesmo a jogos para se conseguir explicar melhor. Mostre-lhes ainda que o dinheiro não é um recurso ilimitado e como podem ter uma relação equilibrada com aquilo que recebem e o que gastam e onde gastam. Ao compreenderem estes conceitos, os mais novos estarão mais dispostos a poupar e investir.

2. Dê o exemplo

As crianças costumam absorver tudo o que está à sua volta e tentam imitar frequentemente os adultos. É assim que aprendem funções básicas como falar, andar ou comer com a própria mão. Embora as palavras e os ensinamentos teóricos sejam importantes, o seu exemplo é que vai reforçar a ideia. Por isso:

  • Faça uma gestão atenta e equilibrada do orçamento familiar;
  • Estabeleça uma percentagem mensal para poupar;
  • Crie objetivos de poupança e de investimento claros, com um horizonte temporal concreto e de acordo com o seu perfil de risco;
  • Estabeleça prioridades e assegure que as cumpre.

3. Faça um orçamento familiar participativo

A partir de certa idade é desejável que os mais novos sejam “convocados” para participar no orçamento familiar. Este orçamento deve contemplar todas as despesas e receitas da família por um determinado período de tempo, geralmente, um mês. Aqui deve incluir as mesadas, a conta do telemóvel do seu filho, bem como outras despesas.

Ao chamá-los a participar na planificação deste orçamento, estes vão passar a ter uma maior noção das despesas da família e do peso das suas próprias despesas. Para além disso também podem passar a aceitar e a perceber melhor quando os pais não podem comprar aquilo que por vezes pedem.

4. Ajude-os a estabelecer objetivos de poupança

Poupar é mais fácil e mais estimulante se tiver um objetivo e isto vale para miúdos e graúdos. Por isso, explique-lhes que para poderem comprar uma mochila nova no início do próximo ano letivo, uma mota ou tirar a carta de condução, isso implica fazer escolhas.

Essas escolhas representam o custo de oportunidade de deixar de consumir alguma coisa hoje, para poder ter amanhã algo melhor ou maior. O que quer isto dizer? Provavelmente, se o seu filho gastar a mesada toda, satisfará alguns dos seus desejos no imediato, mas não terá conseguido amealhar dinheiro para, no futuro, comprar outra coisa que desejaria mais. A compra e o consumo de hoje são escolhas que implicam perder a oportunidade de conseguir algo mais importante amanhã.

5. Mostre-lhes como podem poupar

Oferecer-lhes um mealheiro ou vários mealheiros para diferentes objetivos de poupança é a forma mais clássica de pôr os mais novos a poupar e incutir-lhes uma mentalidade de poupança a longo prazo, que vai perpetuar-se durante a vida adulta. Mas esta não é a única forma de o fazer. Existem outros estratagemas que podem pôr as poupanças a crescer mesmo sem magia, como é o caso de uma conta-poupança.

A diferença entre uma conta-poupança e um mealheiro é que na primeira opção existe uma recompensa pelo dinheiro estar lá, que são os juros (embora atualmente estejam muito baixos).

6. Explique-lhes conceitos de investimento

Para dominarem as suas finanças é determinante que também tenham conhecimentos sobre conceitos de investimentos. Explique-lhes os princípios subjacentes a produtos como ações ou obrigações.

Tente explicar-lhes como funcionam, o que são os retornos, mas também os riscos que se corre com este tipo de investimento.

7. Ensine-lhes a importância de não “pôr os ovos todos no mesmo cesto”

“Não pôr os ovos todos no mesmo cesto” é um princípio básico dos investimentos financeiros. Isto porque estes não evoluem todos da mesma maneira, e se perder num investimento, os outros podem compensar. Ou seja, devemos repartir o nosso dinheiro por diferentes produtos financeiros para o conseguirmos rentabilizar melhor e correr menos riscos.

Garanta que começam a perceber as dinâmicas do dinheiro e as consequências das suas decisões. Incuta-lhes o hábito da poupança e mostre-lhes que ter um mealheiro pode fazer toda a diferença.

 

 

01.04.2021
Fonte: lifestyle.sapo.pt