A digitalização do trabalho já vinha sendo anunciada há bastante tempo como uma transição natural dos paradigmas laborais.
Ninguém imaginava que esta transição e digitalização do trabalho pudesse ser alvo de uma aceleração tão grande em termos da sua implementação por parte das empresas de todo o mundo.
Como se sabe, a pandemia causada pela COVID-19 veio forçar várias mudanças de paradigma na nossa sociedade, abalando os alicerces de muitas áreas, como é o caso da saúde, do ensino, ou do trabalho.
Resta saber neste momento se tais mudanças operadas por exemplo a nível do teletrabalho serão temporárias ou se serão implementadas permanentemente.
A digitalização do trabalho acelerou com a pandemia
O que é a digitalização do trabalho?
A digitalização do trabalho é tida como uma consequência natural dos avanços tecnológicos. Falar em digitalização do trabalho não significa apenas falar de teletrabalho (esse é apenas uma pequena fração desse universo), mas sim de um processo de transição e integração do trabalho para o mundo digital.
Falar em digitalização do trabalho implica falar da implementação da Inteligência Artificial nas empresas, bem como da automatização robótica, a título de exemplos.
Isto, inevitavelmente, deverá traduzir-se numa mudança estrutural profunda em milhões de empregos, abrindo novas perspectivas para que certas profissões deixem de existir. Contudo, isso não é necessariamente uma má notícia, uma vez que se prevê que muitas novas profissões possam emergir.
De que forma a pandemia acelerou o processo de digitalização do trabalho
Nos últimos meses, durante o período de confinamento a que a sociedade esteve sujeita um pouco por todo o mundo, assistimos a muitas mudanças e transições laborais que encaixam perfeitamente na noção de digitalização do trabalho.
Naturalmente, as empresas que se movem nas áreas tecnológicas foram as primeiras a dar o exemplo. Nem todas as áreas de atividade são suscetíveis a essa mudança, mas a verdade é que muitas vezes a digitalização do trabalho poderá chegar a muitos tipos de empresas que julgávamos não serem elegíveis para transpor a sua atividade para o reino digital.
Exemplos:
- O teletrabalho: até há pouco tempo o teletrabalho parecia destinado a um número restrito de empresas visionárias, que poderiam dar-se ao luxo de colocar os seus funcionários a trabalhar remotamente. Em poucos meses, essa perceção generalizou-se.
De entre os benefícios óbvios contam-se o corte significativo de despesas fixas e a poupança de recursos. Mas não só: a própria sustentabilidade do planeta agradece: as pessoas ao deslocarem-se menos vezes de casa para o emprego poluem muito menos. - A telescola: a pandemia levou a que se fechassem as escolas por tempo indeterminado. Pouca gente diria que seria possível adotar em poucas semanas uma transição do sistema de ensino tradicional, que como se sabe é 100% presencial, para algo como a telescola. A telescola consiste na transmissão de aulas através da televisão ou da internet, diretamente para casa dos alunos. O e-learning já existia, consistindo geralmente em aulas dadas através da internet. A telescola é uma espécie de democratização do e-learning.
- Reuniões de trabalho online: programas como o Zoom, que permitem efetuar conferências entre um número ilimitado de pessoas, com uma qualidade fiável, através da internet, passaram de um momento para o outro a ser usados em quase todas as empresas. Mesmo em ramos de atividade cujas profissões não se coadunam à primeira vista com o mundo digital, como é o caso dos operários da construção civil, é possível usar-se estas ferramentas com resultados positivos.
- E-Serviços: o distanciamento social decretado pelos Governos fez com que determinados serviços, como os de compras online e de entregas ao domicílio, explodissem. Desta forma muitos consumidores que possam ter demonstrado no passado alguma resistência a tentar este tipo de serviços, foram obrigados a aderir. Como consequência é agora muito provável que estes serviços se mantenham muito requisitados. Outra consequência para o mundo laboral é o crescimento da necessidade de mão de obra para preencher estes novos postos de trabalho.
Em suma
Crê-se que a pandemia terá a curto e médio prazo um efeito negativo no mundo do trabalho, ao criar uma crise económica, que se traduzirá por dificuldades por parte de muitas empresas, com aumento do desemprego.
No entanto, prevê-se que apesar disso a pandemia irá contribuir para um progresso muito rápido em termos de digitalização do trabalho, e que a economia digital irá sair desta situação ainda mais forte do que estava antes.
É inevitável que depois da pandemia muitas empresas acabem por perceber as vantagens de adotar a digitalização do trabalho e ganhem finalmente a coragem que lhes poderia estar a faltar para o fazer.
21.07.2020
Fonte: www.e-konomista.pt