A felicidade no trabalho é um aspeto diferenciador das empresas de maior sucesso.

Partimos do princípio que trabalhadores felizes são mais motivados e produtivos. Logo, trazem um maior retorno à organização. Assim é o que se verifica. Por isso, as organizações têm de estar atentas a esta realidade que traz ganhos para ambas as partes.

Um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal, há estudos sobre a felicidade no trabalho que comprovam isso mesmo e que reconhecem os melhores exemplos.

Atualmente, as organizações que se destacam no mercado usam técnicas de gestão que visam integrar caraterísticas comportamentais para promover a felicidade no trabalho, valorizando o papel da mesma no desenvolvimento humano e organizacional, mesmo em tempos de pandemia.

Em que consiste?

De uma forma simples, ser feliz no trabalho é fazer algo que gosta, é ter motivação e interesse em realizar bem as suas tarefas e cumprir as metas. Não apenas por uma questão de reconhecimento, mas porque se sente bem, gosta do espaço e das funções.

É não sentir que “está em esforço”, contar as horas para ir embora ou os dias para o fim de semana.

Se é possível ser feliz no trabalho, que é só aquilo que ocupa a maior parte do seu dia? Claro que sim.

O que dizem os estudos?

Um estudo da Warwick University, do Reino Unido, concluiu que trabalhadores felizes são 20% mais produtivos do que os não-satisfeitos.

Por sua vez, a Gallup verificou que 34% dos trabalhadores americanos se consideram 100% satisfeitos no trabalho.

A felicidade no trabalho tem vindo a ganhar terreno, pela sua valorização por parte de diferentes entidades. E há estudos que comprovam que tem, realmente, um papel importante na satisfação e desempenho dos trabalhadores, o que se reflete no sucesso da empresa.

Um estudo do Instituto Superior de Gestão (ISG) intitulado “A Felicidade no Trabalho: O impacto na gestão das organizações” concluiu que mais de metade (50%) do inquiridos é feliz na atividade profissional. No que respeita à felicidade na organização em que trabalha, aí a população investigada afirma ser “moderadamente feliz”.

Um dos objetivos do estudo era verificar se uma maior felicidade no trabalho corresponde a uma maior motivação, satisfação e performance do colaborador no ambiente organizacional. Na opinião dos inquiridos, na maioria das situações, isso acontece.

Uma outra conclusão interessante desta análise prende-se com o facto de não ser o salário o fator mais importante no índice de felicidade de um colaborador. E por quê? Mais dinheiro traz, muitas vezes, mais responsabilidades, o que nem sempre é positivo.

Para o estudo do ISG foram validadas as respostas de uma amostra de 523 indivíduos, com atividade profissional, dos géneros masculino e feminino e com idades compreendidas entre 19 e 58 anos, sendo que a maior parcela (49%) tem entre 29 e 38 anos.

Responderam ao inquérito 286 mulheres (55%) e 237 homens (45%). Desses, 66% (345 participantes) frequentaram o ensino superior.

Happiness Works

Em parceria com Universidades em Portugal e Espanha, Revista Exame, APG e Leo Burnett, a Horton International Portugal lança desde 2011 o estudo Happiness Works que avalia o nível de felicidade das organizações em Portugal e elege o Top 20 das mais felizes.

Na primeira edição da análise sobre a felicidade organizacional no nosso país, a qual contou com uma amostra de 810 indivíduos, os resultados mostravam que a grande maioria (83%) dos portugueses se considerava feliz, sendo que 71% deles eram felizes na função que desempenhavam, enquanto que apenas 66% o eram na organização onde trabalhavam.

Entre as diferentes variáveis que contribuíam para um índice mais elevado de felicidade na entidade empregadora, estavam as seguintes:

  • Organização Sustentável e Inovador;
  • Envolvimento com as Chefias e Organização;
  • Objetivos bem definidos;
  • Equilíbrio Profissão e Vida Pessoal.

Os resultados do Happiness Works 2019, publicados (como sempre) na Revista Exame, mostraram que dar prioridade ao bem-estar de cada elemento, como parte da estratégia interna, o envolvimento dos colaboradores na vida da empresa, o planeamento em equipa, a flexibilidade de horário, a partilha de ideias e opiniões e a valorização individual são alguns dos aspetos que se destacam entre as empresas nacionais mais felizes.

Como é que as empresas podem promover a felicidade no trabalho?

Com o firme objetivo de promover a felicidade entre os seus colaboradores há, atualmente, empresas que contam com um Happiness Manager, um profissional especializado que tem como missão isso mesmo.

Mas há coisas mais simples que podem e devem ser feitas pelas empresas nesse sentido. São elas, por exemplo:

Garantir um bom ambiente de trabalho

O ambiente de trabalho é um fator fundamental para promover o bem-estar do colaborador. Empresas felizes desenvolvem atividades de team buiding que fomentam conjunto de fatores como a integração, o sentimento de pertença, o desenvolvimento das relações interpessoais, bem como a facilidade de comunicação entre todos.

Permitir conciliar a vida profissional com a pessoal

A flexibilidade na conciliação entre a vida profissional e a pessoal é fundamental. Afinal, cada pessoa necessita de dar resposta a muitas outras situações do dia-a-dia, para além do trabalho.

A flexibilidade na gestão de férias, na gestão das tarefas, bem como a promoção de horários flexíveis, são práticas que contribuem para a promoção do equilíbrio pessoal e profissional.

Reconhecer o desempenho dos colaboradores

O desempenho dos colaboradores pode ser reconhecido de muitas formas. A atribuição de prémios (monetários e outros) é uma forma de valorização e reconhecimento.

O uso de comunicação positiva através de simples frases como “obrigada/o” ou “fizeste um bom trabalho” também.

Dar a oportunidade de progredir na carreira

A progressão na carreira não se limita a ascender a cargos hierarquicamente superiores, passa também pela integração em novos projetos e realização de novas tarefas e outros desafios, o que demonstra confiança e quebra a monotonia.

Oferecer salários e benefícios vantajosos

De todas as boas práticas existentes para promover a felicidade no trabalho, o salário é, por norma, um fator de peso para cada colaborador. Não será nunca o mais importante, mas faz uma grande diferença.

Pode haver, ainda, complementos ao salário, através de gratificações, prémios ou benefícios que podem ser fixos ou flexíveis, dando assim a oportunidade ao colaborador de os escolher de acordo com a sua preferência.

É importante que estas práticas sejam estrategicamente pensadas, revistas e alinhadas com os objetivos da empresa e com as expectativas dos colaboradores.

O que podem fazer os trabalhadores?

Independentemente das condições ou benefícios que as organizações proporcionam, para cada trabalhador alcançar a tão desejada felicidade no trabalho, há que considerar alguns pontos essenciais:

Faça uma reflexão

Se, por acaso, não se sente realizado dentro da sua função, é importante que faça uma séria reflexão, a fim de perceber aquilo que não está devidamente ajustado e o que poderá ser feito para alterar a situação.

Há questões que, devidamente analisadas, podem fazer toda a diferença. Perceba o que mais gosta, quais as suas capacidades, competências e objetivos. Só assim vai saber o que o faz feliz no trabalho e, acima de tudo, saber o caminho a seguir para lá chegar.

Procure aprender

Em qualquer organização e função a desempenhar, é extremamente importante atualizar-se e e continuar a aprender. Só assim vai conseguir tornar-se realmente bom naquilo que faz. Isso é fundamental para que se sinta realizado e, consequentemente, feliz a nível profissional.

Tenha confiança no trabalho

“Se eu não acreditar no meu trabalho, quem acreditará?”

Podemos ser muito bons naquilo que fazemos, mas se por algum motivo dermos lugar à insegurança, quem está ao nosso redor facilmente o perceberá. Portanto, para que os outros acreditem no nosso trabalho, precisamos acreditar nele em primeiro.

Confie na organização

Não menos importante é a questão da confiança e identificação com a empresa onde trabalha. É importante acreditar na organização onde está integrado, identificar-se com os seus valores, bem como “vestir a camisola”. Se for esse o caso, com toda a certeza que se sentirá mais confortável e feliz.

Caso contrário, pode estar na altura de mudar

É certo que ainda há um longo caminho a percorrer para que esta seja uma realidade comum. Porém, a felicidade no trabalho depende, em suma, de um conjunto de fatores, onde não só as organizações, mas cada um tem um importante contributo.

 

 

29.12.2020
Fonte: www.e-konomista.pt