Vivemos numa sociedade em constante mudança, onde diariamente somos confrontados com relações cada vez mais complexas que se desenvolvem entre o ser humano e a sociedade. Nesta aldeia global, onde os problemas têm de ser encarados e resolvidos à escala planetária, as possibilidades são muitas, mas os riscos também são grandes, pois os fenómenos sociais paralelos são uma constante.

O endeusamento do trabalho e o consequente alargamento dos horários tiram às famílias o tempo necessário para conviverem e retiram as crianças, desde muito cedo, para a escola ou creches e jardins-de-infância afastando-as dos afetos, securizantes para o seu crescimento, ao mesmo tempo que lhes são impostas exigências decorrentes dos sistemas agressivos de grande competitividade em que coabitam, obrigando-as, precocemente a provar que dominam inúmeras competências. Por sua vez, as novas tecnologias de informação e comunicação constituem-se como factores inibidores da criatividade, uma vez que se apresentam como produtos acabados.

Por estes motivos, a educação surge como permanente e comunitária, ou seja, como um meio de ligação do indivíduo à comunidade, que lhe proporciona a comunicação de forma a promover a expressividade, a criatividade e a confiança. Não podemos confundir educação com escolaridade, uma vez que antes de existirem escolas já existiam práticas educativas e, por isso, o sistema educativo actual deve tornar possível a coabitação da educação formal, da não formal e da informal. Na atual sociedade, porque a educação deve ser permanente e comunitária, valoriza-se na partilha de saberes entre os diferentes contextos de aprendizagem, assim como na interação com o meio envolvente.

Assim, a Animação Sociocultural apresenta-se como um movimento de Educação Social que, tomando como finalidade a dinamização social, persegue a consciencialização (promovendo actividades para os grupos) e a participação (desenvolvendo actividades com os grupos), gerando ou estruturando processos/iniciativas estáveis e autónomas onde a comunidade esteja amplamente envolvida. Por isso, abrem-se novos espaços e hipóteses de trabalho na área da Animação Socioeducativa que têm como principal objectivo a ligação desta a uma inovadora tecnologia educativa que articula, cruza e partilha saberes relativos aos diferentes espaços educativos: Formal, Não Formal e Informal, através de variadas técnicas como a expressão dramática, a expressão plástica, a expressão musical e o jogo.

O Animador Sociocultural é um Educador, um Mediador e um Agente Social. Educador, na medida em que orienta o aluno na construção do seu conhecimento, um Mediador, porque é capaz de estabelecer uma comunicação positiva entre pessoas, grupos e comunidades e um Agente Social porque dinamiza e mobiliza grupos, numa tentativa de mudança de atitudes.

Nas escolas de 1º Ciclo do Ensino Básico, a ação do Animador Sociocultural traduz-se no planeamento de actividades lúdicas, destinadas a crianças entre os oito e os treze anos de idade, que se desenvolvem independentemente e em articulação com a Educação Formal, já que as crianças estão sempre a aprender. Por isso, o Animador Sociocultural, através das actividades que promove, tenta imprimir nas crianças a motivação indispensável ao aumento da criatividade, da memorização e da socialização, contribuindo, dessa maneira, para que as aprendizagens na escola se tornem mais agradáveis quando associadas a processos mais lúdicos, de extrema importância para o seu desenvolvimento integral.

Os processos lúdicos são instrumentos de trabalho que propiciam a realização de inúmeras aprendizagens, entre elas a socialização, porque, através do jogo, por exemplo, as crianças desenvolvem o espírito de iniciativa, a integração, a autonomia e o poder de decisão em constante interação com o meio sociocultural, ou seja, tratam-se de processos de socialização que lhes permitem explorar o mundo que as rodeia, já que são desenvolvidas dinâmicas de colaboração e cooperação com os outros, de acordo com regras e normas que as ajudarão a crescer e ter outra perspectiva sobre a envolvente social do grupo de pertença.

No 2º e 3º ciclos, a animação sociocultural, porque dirigida a jovens colocados no centro do processo de transformação social, que assumem o seu protagonismo de forma espontânea em ruptura com um sistema, emerge como um projecto pedagógico de consciencialização, de participação, enquanto conjunto de práticas sociais, que, ganhando forma e conteúdo nos tempos livres dos jovens, lhes fornece ferramentas para estes poderem desenvolver processos de transformação social, nomeadamente, nos seus grupos de pertença.

 

Fonte: http://cfaematosinhos.eu

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Na infância e na adolescência as atividades/dinâmicas realizadas através de jogos lúdico – pedagógicos revelam-se como fundamentais, uma vez que contribuem para um melhor desenvolvimento global. Estes jogos caracterizam-se por ativar determinados processos que têm como finalidade a tomada de consciência de dimensões psicológicas internas e também, a aquisição de novas formas de pensar, sentir e relacionar-se com os outros.
Desta forma, torna-se necessário promover e desenvolver ações de formação, na área da animação que sejam complementares, com o intuito de superar algumas carências que possam existir na área da animação sócio-cultural. Para dinamizar e animar grupos são necessários instrumentos e ferramentas que estão dentro de um processo de formação e organização, que possibilitam a criação e recriação do conhecimento.

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