Evitar o desperdício alimentar é algo que se tenta incutir desde a mais tenra idade, não só para aproveitar os alimentos da melhor maneira, sem ter de deitar no lixo, como também por permitir transmitir estratégias para fazer com que as crianças comam melhor.

A propósito deste tema, a Estratégia Nacional e Plano de Ação de Combate ao Desperdício Alimentar, criada pela Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA), deixa alguns dados curiosos: em 2050 a população mundial aumentará 9 mil milhões de habitantes, pelo que a produção de alimentos terá de aumentar mais de 50% e isto é extremamente preocupante quando cerca de um terço dos alimentos produzidos anualmente para consumo humano no mundo são perdidos ou desperdiçados. Isto corresponde a 88 milhões de toneladas de alimentos (cerca de 20% do que é produzido) na União Europeia. Em Portugal o desperdício corresponde a um milhão de toneladas (17% da produção anual de alimentos em Portugal).

Como tal, é preponderante travar este desperdício, primeiro pelo ponto de vista ambiental e sanitário – porque quando a comida vai para o lixo continua o seu processo de decomposição, o que dá origem a maus cheiros, atrai animais e insetos indesejados e aumenta o volume de lixo nos aterros sanitários; mas também porque isso se traduz num menor esforço económico para cada pessoa ou família.

Evitar o desperdício de alimentos é algo que está na mente de todos porque, verdade seja dita, ninguém gosta de deitar comida fora. Mas acontece: há sempre alimentos a estragar lá em casa; ou porque, sem contar, foi convidado para jantar fora; aproveitou uma promoção e comprou coisas a mais que agora não consegue escoar; fez mais quantidade de comida do que conseguiu comer; tem o frigorífico desorganizado e os alimentos ficam esquecidos nas prateleiras… Enfim, as razões nunca mais acabam. Assim sendo, dê uma vista de olhos nas nossas dicas para evitar desperdício de alimentos.

Como evitar o desperdício alimentar?

No comércio já há várias medidas para travar o desperdício alimentar, mas o maior desperdício acontece em casa. Como tal, ficam aqui algumas dicas que o podem ajudar a poupar algum dinheiro e, ao mesmo tempo, evitar que deite fora alimentos que ainda podem ser consumidos.

1. Planear as refeições

Planear as refeições obriga-o fazer o exercício de pensar no que precisa de comprar ao certo, sem que leve para casa coisas de que não necessita. Também lhe permite pensar nas quantidades que efetivamente vai utilizar, evitando levar grandes quantidades de alimentos que podem acabar por se estragar.

Assim sendo, é o primeiro ponto por onde deve mesmo começar: pela organização, que é sempre uma boa aliada de bons resultados.

2. Fazer uma lista de compras

Esta é uma regra básica, mas nem sempre é fácil de aplicar: não vá às compras com fome, senão vai comprar por impulso e acaba por trazer mais coisas do que precisa. É importante que faça uma lista de compras baseada no plano de refeições que definiu e siga-a à risca.

3. Preferir alimentos com validade prolongada

No que diz respeito aos prazos, há dois tipos de alimentos: os que deve “consumir antes de”, que só devem ser consumidos até à data indicada na embalagem; e os alimentos que deve “consumir de preferência até”, que podem ser consumidos por mais algum tempo após a data referida.

Tenha sempre esta questão em mente, caso contrário poderá estar a gastar dinheiro em alimentos que não vai mesmo conseguir consumir.

4. Comprar menos, mas mais vezes

Isto passa por fazer compras mais inteligentes e privilegiar o consumo de produtos frescos, comprados em pequena quantidade, de modo a não correr o risco de se estragarem. Por outro lado, deve deixar a compra de enlatados, massas, arroz, e outros produtos não perecíveis para uma visita mensal ao supermercado.

5. Ter cuidado com as promoções

As promoções nos supermercados podem ser-nos muito úteis, mas também podem levar-nos a comprar coisas de que não precisamos ou em quantidades excessivas. Por isso, antes de “aproveitar uma promoção”, pense bem se vai consumir tudo antes de os alimentos se estragarem. Ou se, pelo contrário, não está a gastar mais do que a poupar.

6. Organizar a despensa, armários e frigorífico

Pode evitar o desperdício de alimentos através de uma boa organização de determinados espaços de casa, como a despensa, armários e frigorífico.

O truque está em colocar nos locais mais próximos e visíveis, os alimentos cujo prazo de validade termina mais cedo, para que sejam consumidos rapidamente.

Além disso, deve fazer recorrentemente uma inspeção aos produtos lá de casa, para ter a certeza de que ainda estão todos dentro do prazo.

Quanto ao frigorífico, deve deixar espaço entre os vários produtos para o frio circular. Caso contrário, a temperatura será inconstante e corre o risco de acelerar o processo de deterioração dos alimentos. Além disso, não deve colocar os alimentos mais vulneráveis ao calor nas prateleiras da porta, visto que essa é a zona mais quente do frigorífico.

7. Utilizar a fruta e vegetais maduros

Se tiver fruta e legumes em casa, verifique sempre quais são os mais maduros e utilize esses em primeiro lugar, para que não se estraguem.

Se acabar por deixar alguma fruta amadurecer demais, e no de caso ainda não estar estragada, aproveite para fazer um batido, uma compota ou mesmo uma sobremesa.

8. Congelar os alimentos em excesso

Se tiver muitas frutas ou verduras, poder optar ainda por lavar bem, descascar e guardar no congelador em doses individuais, para utilizar posteriormente. O mesmo pode ser feito com outros tipos de alimentos, como restos de refeições, caso tenha cozinhado a mais e não faça planos de consumir brevemente.

Assim, quando precisar desses alimentos ou refeições, basta ir ao congelador e colocar na panela ou deixar a descongelar no frigorífico, dependendo do que se trata.

9. Cozinhar na medida certa

Quando for cozinhar, pense nas quantidades que, normalmente, costumam consumir em casa. Tente não cozinhar mais do que essa medida, a menos que tenha planos para o que sobrar, como levar na marmita para o trabalho ou consumir nos próximos dias.

Por outro pode fazer o oposto: cozinhar em maiores quantidades, para congelar refeições para dias mais agitados.

10. Transformar as sobras de comida

A comida que sobra e que ainda está em boas condições não tem de ir para o lixo. Há muitas formas de transformar os restos de comida numa nova refeição. Basta usar a imaginação:

  • Batatas cozidas: podem virar puré;
  • Frango assado: pode ser o ingrediente principal de uma quiche ou salada;
  • Produtos hortícolas: podem ajudar a enriquecer uma sopa;
  • Pão: o pão duro pode ser transformado em torradas ou croutons caseiros;
  • Água de cozedura: a dos legumes pode ser utilizada para a sopa; água da cozedura de frango ou bacalhau, pode ser aproveitada para fazer um delicioso risoto;
  • Cascas: podem ser usadas para fazer chás, como o chá de laranja, ou saborosos snacks com as cascas de batata fritas ou assadas.

11. Reutilizar o que já não pode comer

Cada vez é mais comum ouvirmos falar de hortas na cidade. Se tiver o espaço necessário, esta é uma excelente ideia. Para além de poupar dinheiro na compra dos produtos que produzir, pode utilizar o desperdício alimentar como adubo.

Alguns caules e sementes, se forem devidamente tratados, podem servir para fazer crescer novos alimentos, sem que tenha de ir comprar sementes novas. Muitas vezes, basta colocar alguns caules na água que a raiz volta a crescer. No caso das sementes, é comum que tenham de secar para poderem voltar a ser plantadas, mas depende muito do tipo de semente.

12. Comprar melhor e mais barato

O que também se tem tornado comum são os cabazes de alimentos biológicos – alguns com preços bastante apetecíveis – e que, em superfícies comerciais, muitas vezes vão fora por terem um aspeto pouco atrativo. Muitos destes projetos ainda se encontram em crescimento, por isso, podem não estar presentes em todo o país.

13. Fazer uma doação

Outra dica interessante para evitar o desperdício alimentar é doar alimentos a quem mais precisa. Nesse sentido, se tiver comida em bom estado, mas prevê que não a vai poder consumir, dê a alguma instituição de solidariedade ou a algum sem-abrigo da área de residência. Além de evitar deitar comida fora, ainda está a fazer uma boa ação.

 

 

29.09.2020
Fonte: www.e-konomista.pt